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O VII Congresso Brasileiro de Psicologia da
Saúde tem como tema “INOVAÇÕES E DESAFIOS NA PROMOÇÃO DA SAÚDE:
ENFRENTAMENTO DAS DESIGUALDADES E DAS EMERGÊNCIAS EM SAÚDE PÚBLICA”.
1. Promoção da saúde
A promoção da saúde é o conjunto
de ações e estratégias voltadas para melhorar o bem-estar físico, mental e
social das pessoas, capacitando-as a exercer maior controle sobre os fatores
que afetam sua saúde. Ela vai além da prevenção de doenças, focando em criar
condições que favoreçam hábitos saudáveis e melhorem a qualidade de vida. A
promoção da saúde envolve a educação em saúde, a criação de políticas públicas
saudáveis, o fortalecimento de comunidades e a melhoria das condições
ambientais, sociais e econômicas.
O conceito está enraizado na ideia de que a saúde é influenciada por
determinantes sociais, como educação, renda, meio ambiente e condições de
trabalho, e que a participação ativa da população é essencial para promover uma
vida saudável. Um marco importante nesse contexto é a Carta de Ottawa (1986),
que estabeleceu princípios para a promoção da saúde, como o desenvolvimento de
políticas públicas, a criação de ambientes favoráveis, o fortalecimento da ação
comunitária e a reorientação dos serviços de saúde para além do tratamento,
focando na prevenção e na promoção do bem-estar.
2. Emergências em saúde pública
Referem-se a situações que colocam em risco a saúde de populações
inteiras e que exigem respostas rápidas e eficazes para prevenir ou controlar
sua disseminação. Essas emergências podem resultar de epidemias, pandemias,
desastres naturais, acidentes ambientais, crises sanitárias ou até eventos
relacionados a bioterrorismo. Elas têm potencial para sobrecarregar os sistemas
de saúde, afetar grandes grupos populacionais e causar impactos sociais,
econômicos e políticos significativos. Alguns exemplos recentes incluem: a
pandemia de COVID-19, classificada como uma emergência de saúde pública global;
os desastres ambientais ocorridos no Rio Grande do Sul em maio de 2024,
trazendo consequências na saúde física e mental da população; e as queimadas
que afetaram diversas regiões no segundo semestre de 2024, gerando graves
problemas respiratórios e ambientais. O Marco de Sendai para a Redução do Risco
de Desastres (2015-2030) destaca a importância de fortalecer os sistemas de
saúde para aumentar sua resiliência e capacidade de resposta rápida em
situações de emergências como essas, protegendo a saúde da população de maneira
mais eficaz.
As desigualdades sociais
e econômicas desempenham um papel crucial no impacto e na resposta a
emergências em saúde pública. Essa relação se manifesta de várias formas:
·
Acesso desigual aos serviços de saúde:
Populações em situação de vulnerabilidade, como as de baixa renda, têm menos
acesso a serviços de saúde, o que agrava o impacto de emergências. Durante uma
crise, como uma pandemia, essas pessoas podem enfrentar barreiras no acesso a
diagnósticos, tratamentos e vacinas.
·
Exposição maior a riscos: Comunidades
mais pobres tendem a viver em condições precárias de moradia e saneamento, o
que aumenta sua exposição a doenças infecciosas e outras emergências de saúde,
como desastres ambientais.
·
Recursos inadequados para prevenção e
recuperação: A falta de recursos financeiros e sociais dificulta a adoção
de medidas preventivas e de recuperação. Populações em desvantagem têm mais
dificuldade para se isolar, adquirir equipamentos de proteção ou recuperar suas
condições de vida após uma emergência.
·
Impacto econômico desigual: Durante
emergências, grupos vulneráveis, como trabalhadores informais, enfrentam
maiores desafios econômicos, já que perdem empregos e fontes de renda sem
contar com redes de proteção social eficazes.
·
Diferenças na resposta e na resiliência:
As desigualdades afetam a capacidade de resposta dos governos e a resiliência
das populações. Sistemas de saúde de regiões menos favorecidas costumam ser
mais frágeis, resultando em uma resposta mais lenta e menos eficaz a crises.
Esses fatores criam um ciclo em que as emergências em saúde pública
não apenas expõem, mas também amplificam as desigualdades preexistentes,
impactando desproporcionalmente os mais vulneráveis.
O tema "Inovações e Desafios na Promoção da Saúde: Enfrentamento
das Desigualdades e das Emergências em Saúde Pública" está profundamente
alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda
2030 da ONU. A relação entre esse tema e a Agenda 2030 pode ser explorada da
seguinte forma:
ODS
3 - Saúde e Bem-Estar
O
Objetivo 3 busca garantir uma vida saudável e promover o bem-estar para
todos, em todas as idades. O tema das inovações na promoção da saúde está
diretamente relacionado a este ODS, uma vez que novas abordagens e tecnologias
são fundamentais para melhorar a saúde global e enfrentar crises de saúde
pública, como pandemias, e garantir que ninguém seja deixado para trás.
ODS
10 - Redução das Desigualdades
O
Objetivo 10 visa reduzir a desigualdade dentro e entre os países. A
promoção da saúde é uma ferramenta vital para enfrentar as desigualdades
sociais e econômicas, especialmente em emergências de saúde pública, que
frequentemente exacerbam as disparidades entre as pessoas mais ricas e as pobres.
ODS
13 - Ação contra a Mudança Global do Clima
O
Objetivo 13 destaca a necessidade de ações urgentes para combater as
mudanças climáticas, que estão diretamente ligadas a emergências em saúde
pública. Desastres ambientais, como inundações e ondas de calor, são
amplificados pelas mudanças climáticas, exigindo inovações na promoção da saúde
para enfrentar esses desafios.
ODS
9 - Indústria, Inovação e Infraestrutura
As
inovações tecnológicas são fundamentais para melhorar a resposta a emergências
de saúde pública e promover a saúde em áreas de difícil acesso. O Objetivo 9
fomenta a construção de infraestrutura resiliente e a promoção de inovações
tecnológicas, que podem ser aplicadas diretamente na promoção da saúde.
ODS
16 - Paz, Justiça e Instituições Eficazes
O
Objetivo 16 aborda a necessidade de instituições fortes e inclusivas.
Para enfrentar as desigualdades e emergências em saúde pública, é essencial ter
sistemas de saúde e governança robustos, capazes de promover a saúde de forma
equitativa.
ODS
17 - Parcerias e Meios de Implementação
O
Objetivo 17 incentiva a formação de parcerias globais para o
desenvolvimento sustentável. Enfrentar os desafios da promoção da saúde em
contextos de desigualdade e emergências de saúde pública requer colaboração
entre governos, organizações internacionais, empresas e sociedade civil.